PARÁ PODE TER MAIS FENÔMENOS CLIMÁTICOS ATÉ O FIM DE JANEIRO, ALERTA INMET
Redemoinho no Distrito de Outeiro, em Belém, tromba d´água em Limoeiro do Ajuru, na região do Marajó, e tremor de terra em Canaã dos Carajás, no sudeste do Estado. Nos últimos dias, o Pará vem registrando fenômenos climáticos que chamam a atenção de moradores nos municípios e viralizam nas redes sociais. Com relação à tromba d´água e redemoinho, o meteorologista José Raimundo Souza, do 2º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), informou, nesta terça-feira (24), que até o final deste mês de janeiro, se persistir a incidência de Sol forte e nuvens de chuva, a tendência é que esses fenômenos possam prosseguir. Deverão deixar de ocorrer a partir de fevereiro e março, meses tradicionalmente chuvosos e sem Sol forte para contrapor com o ar frio das nuvens, o que gera essas ocorrências.
Na segunda-feira (23), moradores de São Sebastião da Boa Vista, no Arquipélago do Marajó, verificaram uma tromba d´água no Rio Cupijó, na área do Município de Limoeiro do Ajuru, na Região Tocantins. Como informou José Raimundo Souza, do Inmet, a tromba d´água é formada a partir do encontro de nuvem do tipo cumulonimbus, reunindo corrente de ar úmido que em contato com o ar quente provocado pelo Sol provoca um giro de ventos na vertical em contato com as águas. É um fenômeno não tão comum na beira de rios, mas já foi verificado no Distrito de Outeiro e na Baía do Guajará, por exemplo. Em geral, não provoca acidentes, por ser de curta duração, de cerca de um minuto. Costumava ocorrer em novembro e dezembro, mas, agora, é identificado em janeiro. A velocidade do vento em uma tromba d´água pode chegar a 50 km/h.
O redemoinho constatado em um imóvel no Distrito de Outeiro, nasegunda-feira (23), segue a mesma origem da tromba d´água, com a diferença de que transcorre na terra, demora mais tempo, com cinco minutos de duração, e pode levantar telhados e atingir árvores, como pontuou José Raimundo. A Prefeitura de Belém vistoriou, nesta terça-feira (24), a edificação atingida pela ventania nesse distrito.
Atenção
O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) tomou conhecimento dos fenômenos ocorridos em municípios paraenses nos últimos dias, como destacou o meteorologista Márcio Nirlando Lopes. Com relação ao redemoinho e à tromba d’água, o Censipam informou que os dois fenômenos ocorreram em razão da forte instabilidade atmosférica associada ao sistema meteorológico Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A ZCIT é uma região de forte instabilidade atmosférica, formada pelo encontro dos ventos que sopram do hemisfério Norte e do hemisfério Sul, e que produz aglomerados de nuvens carregadas, com grande desenvolvimento vertical, denominadas cumulonimbus (CB).
"As nuvens CB, em condições não raras, podem produzir um funil que se projeta a partir da base da nuvem em direção à superfície; caso este funil não toque a superfície, chamamos apenas de nuvem funil; quando o funil toca a superfície, denominamos tornado (sobre o continente) ou tromba d’água (sobre lagos, rios e oceanos); a instabilidade atmosférica, sobretudo em condições de aquecimento intenso e desigual da superfície, também pode favorecer a rotação do ar em pequena escala, provocando o giro do vento que se conhece como redemoinho", repassou o Censipam.
O Centro informou que os "fenômenos meteorológicos em questão são comuns em qualquer época para as regiões tropicais, visto que ao longo de todo o ano, os trópicos recebem elevada quantidade de energia (radiação solar) e também são áreas, via de regra, sobretudo na Amazônia, onde há boa disponibilidade de água (lagos, rios, evapotranspiração da floresta etc.), condição que fornece o combustível (radiação/calor) e matéria-prima (vapor d’água) que favorece o desenvolvimento de nuvens de tempestade do tipo CB".
Segundo o Censipam, na região, os eventos de redemoinhos não oferecem risco diretamente às pessoas e animais, visto que sua intensidade não é elevada. Todavia, tais redemoinhos são capazes de levantar objetos de tamanho pequeno ou médio, como telhas, pequenos galhos, placas, entre outros, que podem atingir as pessoas e, assim, provocar danos de diferentes gravidades.
Com informações de Eduardo Rocha - O Liberal
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